Em qualquer sociedade a busca de soluções para problemas sociais, devia começar pelas perguntas. As perguntas mais adequadas deviam ser aquelas que ajudam-nos a formular melhor a pergunta. Podíamos chamar a esse exercício de perguntar por perguntar. No quotidiano, na conversa despropositada, somos confrontados com estas perguntas por perguntar. Quando pergunto aos meus colegas o motivo para algumas perguntas a mim dirigidas, respondem-me evasivamente: só perguntei por perguntar.
Existe aqui uma explicação para este exercício de perguntar por perguntar? Será mesmo um exercício de aperfeiçoar a pergunta? Ou será que ainda não temos a certeza da dúvida que nos apoquenta? Será que para formular uma pergunta temos que ter uma dúvida? E essa dúvida precisa de perguntas para ser exteriorizada?
Alguns amigos quando abordados com esta questão, na sua maioria foram unânimes em dizer que ninguém pergunta só por perguntar. Quem faz perguntas quer algo, se não, há gato escondido. Mas respondo que talvez as minhas respostas não foram conclusivas, por isso formularam outras perguntas/duvidas na "cabeça" do indivíduo perguntador. Então há gato escondido, não na resposta do indivíduo perguntador, mas no exercício que nos leva a formular uma pergunta para ser uma pergunta.
6 comentários:
muito interessante matine. o que é perguntar por perguntar? e como sei que estou a perguntar por perguntar? será perguntar por perguntar um estrategema para calar o boi ou será um simples desejo de perguntar por perguntar? fazes uma reflexão interessante matine. podia também perguntar por perguntar para fazer conversa; podia perguntar por perguntar para saber de algo; podia perguntar por perguntar para esconder o que penso; podia perguntar por perguntar para ver a reacção do(a) outro(a) face à uma questão; etc... dá para reflectir mesmo.
Em "perguntar por perguntar" vejo a necessidade de tirar ao "perguntado" o peso da necessidade de dar uma resposta. É essa pressão de dar resposta que muitas vezes nos obrigada a deixar de pensar para dar respostas. Quanto mais perguntamos mais visibilidade surge em torno de seja lá qual for a questão. Mais três perguntas sobre algo que a todos parecia óbvio, já nos deixa com dúvidas e nos leva a fazer mais perguntas.
nelson e bayano, o obrigado pelos vossos comentarios, perguntar por perguntar talvez seja resultado da cultura acustica e linguistica com a lingua portuguesa, pedagogicamente a pergunta representa a exteriozicao da duvida, mas neste caso ela pode representar um exercicio simples de comunicacao.
por outro lado acho que estou enganado, o exercicio de perguntar nao é tao neutro como parece, assim como o desabafo.
o que intriga-me é a leveza com que aceitamos essa justificao de que foi uma pergunta por perguntar, o simples exercicio de perguntar podera representar talvez a leveza com que lidamos com assuntos que poderao exteriorizar a seriedade dos nossos questionamentos internos. na esfera publica tenho identificado que da-mos mais protogonismo as respostas do que as perguntas.
bayano um dos teus post é sobre este exercicio de perguntas, principalmente no jornalismo, o que assusta no jornalismo é a despreparacao das perguntas, elas nao representam um exercicio muito mais complexo de questionar e producao de conhecimento.
assunto bicudo este. na minha profissao costumamos dizer: como perguntar sem interrogar.
caro jorge, excelente esta tua reflexão. hans georg gadamer, filósofo alemão, costumava dizer que no mundo há mais respostas do que perguntas. a tarefa do filósofo era de procurar por essas poucas perguntas. o nosso país é vítima das muitas respostas que andam por aí, razão pela qual estamos constantemente a discutir conclusões. perguntar é essencial para o exercício da cidadania.
caro elisio, concordo que a melhor parte da cidadania podemos exerce-la elaborando perguntas.
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