sexta-feira, outubro 19, 2007

zarolho, o poeta de mabuzina 2

O comboio parte duas vezes por dia. As cinco horas da manha com operários e prostitutas. Quando o sol já nao se esconde, dez horas da manha com alunos e contrabandistas. Não há comboio de regresso. São 10 km que separam a vila da ultima localidade. Porque o rio corre o lado norte da vila, todos regressam de barco. São catorze barcos que regressam. Os estudantes e contrabandistas são os primeiros passageiros.
Estamos habituados que o sol nasça cedo. Não há poente, mas há cacimba, moscas e algumas baratas que desaparecem, no passo apressado do operário atrasado. O nosso esconderijo é um hotel velho, de dois andares. Os quartos do ultimo andar sao os únicos ocupados. Não há cozinha, mas funciona o bar quando celebramos um assalto. O gerente somos todos nos, mas a puta cacilda cuida da cobrança para uso da casas de banho. Não há canalização, rebentou. Os ratos roeram tudo. Dizem os mais velhos, hospedes sem bagagem. O Pedro vive cá a 5 anos, tem feitio de ser o mais o velho, fala pouco e todas as putas chamam-lhe “o zarolho”. O nome é antigo como os sapatos pendurados na recepção do hotel e a cadela que adoptamos. A zarolha nao ladra, coca-se todo o dia. Zarolho disse que ela foi assustada pela buzina do comboio, nao mais ladrou

2 comentários:

Mário Nunes disse...

E já agora convido-vos a todos a entrarem no Kafe Kultura, entrarem na máquina do tempo e visitarem Lourenço Marques ou Maputo, nos anos 20.
Em http://kafekultura.blogspot.com

chapa100 disse...

vou dar uma olhada!