quarta-feira, maio 30, 2007

tio patinhas e o umbigo

Estes ano parece um ano que promete. Devia dizer que prometeu: o distrito como pólo de desenvolvimento, o jovem no distrito, novos reitores nas universidades publicas, o combate a indisciplina no IMAP e internatos, encerramento da clínica privada no HCM, a crise de medicamentos, o informe do PGR, o paiol, o crime violento, os 7 biliões, a morte do cantor jeremias, as cheias no centro, as nossas florestas, o incêndio na agricultura, o policiamento comunitário, a CNE e a sociedade civil, Eleições na FMF, a presidencia aberta, o recenseamento geral da população, recenseamento eleitoral, eleições provinciais, e muitos outros eventos sociais, que deviam merecer destaque.

Com todos estes eventos manos é impossível não estar de boca aberta. Tudo corre e acontece, a nossa vida se tornou uma Lurdes mutola, e mais: somos gigantes. A nossa vida é quantificada com segundos e centímetros que podemos viver e mapear o mundo a nossa volta. O mundo de querer perceber as coisas não interessa, é perca de tempo. A nossa vida deve só registar e mapear a meta. Uma vida a Lurdes mutola. Somos uma nação campea, não interessa o campeonato ou a medalha, interessa cortar a meta, ser primeiro em tudo.

E tudo que não conseguimos mapear fica para os outros. Mas esses outros não existem, é nossa imaginacao. O tio patinhas que promovemos. O tio patinhas que reproduz-se nos quadradinhos que não podemos ler. Cada quadradinho é um tio patinhas diferente, mais rico, mais pobre, mais trabalhador, mais preguicoso, mais cientista, mais propagandista, mais ambulância, mais burro, mais mukherista, mais burocrata, mais pensionista, mais dumba nengueiro. Mas é o tio patinhas. Não precisamos questionar.

Porque hoje ser tio patinhas é nossa meta? Viver mais em quadradinhos e ser rico? Porque?

Então somos um pais de segundos e centímetros? Não somos. Não foram os segundos e os centímetros que fizeram o tio patinhas ser nossa imaginacao. Mas nossa mania de olhar só para metas. O que faz a lurdes mutola campea, não é a meta, ou o campeonato. Mas o conjunto de coisas pequenas que precisamos de aprender: técnica e estratégia para correr. São pequenas porque questionam a pergunta : como correr bem e chegar a meta. E não a nossa mania que temos. Correr só por correr, porque a nossa solução é cortar a meta, cortamos tudo. Então somos um pais de corta-matos para cortar a meta. Desenvolver uma técnica e estrategia para correr bem e cortar a meta não interessa a nos mocambicanos. Por isso a nossa meta é o tio patinhas: ser rico e viver em quadradinhos.

O tio patinhas na nossa imaginacao é perigoso. Porque a riqueza do tio patinhas não é para viver com a riqueza social, mas para satisfazer um ego individual. Um ego que enche quadradinhos e não uma pagina. Um ego que para o satisfazer temos que desregrar tudo, negar pensar. O mais importante é nadar no dinheiro em nelspruit e não investir naquilo que legitima a tua riqueza: a sociedade.

La famba bicha


PS – Este rumor ou teoria de conspiração já é muito velho em mocambique. Agora com o fogo no Ministério da agricultura voltou a merecer destaque na imprensa local: que o incêndio foi um acto de sabotagem. Como o crime violento nos bairros de maputo, justifica-se como um acto de sabotagem ao governo actual. Isto é sinonimo de pensar com umbigo e não com a cabeça. Interpretar estes fenómenos como acto de sabotagem é perigoso. Sabotagem é um termo usado em técnica de guerrilha e subversao. Isto significa que indirectamente estamos a alimentar um acto barbaro de quem sabota e quem é sabotado. E estamos a dar asas e legitimidade ao estado para usar meios violentos para combater sabotadores que não tem cara. Isto significa que crime sem cara promove o excesso de zelo das autoridades no cidadão inocente. Este pais já teve exemplos disso, e o assassinato de suspeitos no costa do sol é exemplo vivo disso. Sabotagem e legitimar o uso de forcas legais de reacção contra crime fora dos espaços legais e democráticos estabelecidos em mocambique. Mas do que sabotagem estamos perante um acto criminal que requer perícia da policia, trabalho aturado da procuradoria e dos tribunais, e por ultimo resolver de uma vez por todas este conflito entre burocrata e políticos.

4 comentários:

Laurentina disse...

Chapa , ehehehehehehe ,não seja tão pessimista ja que compara os acontecimentos com os objectivos do Patinhas bora lá achar uma certa piada a tudo isso para não chamar mais desgraça !


Beijão grande

Egidio Vaz disse...

Cá em Moçambique, é proibido pensar. Como é que quer que alguém pensa, um Ministro por exemplo, se nem tempo para ler um livro e reflectir sobre a sua actividadfe diária tem? Prefere inaugurar um café internet a ficar em casa analisar criticamente a sua carreia, seus actos, e discursos. Como dizem, para isso tem assessores.

Avid disse...

Pessimista???...Realista???...Eu...nada sei... mas a coisa ta mal...
Bjs meus

chapa100 disse...

diva e laurentina! nao vejo pessimismo no meu texto, mas desafios.
egidio, acho que terao que ler mais os dossiers de governacao se nao querem continuar assim.