Para tudo penso que precisamos de jazz, ate para ser txonado. Uma autentica melodia, que transborda nossa angustia sobre o quotidiano. Chamboqueados, somos todos. A cada sopro ou solo. Um casamento perfeito entre a nossa vontade de escutar tudo e de viver tudo. Jazz porque foi assim que ele surgiu, como a musica daqueles que queriam entender seu espaço e sua identidade. E nas ruas de Maputo musicamos nosso corpo e nosso andar. Jazz -amamos qualquer negocio e qualquer espera de oportunidade. Nossa identidade fabrica-se nos espaços que ocupamos para vender, amar, esperar, mijar e mendigar.
E ensinaram-nos que tudo tem negocio, um plagio ao ditado de que jazz tem alma. Qualquer coisa que move nossos sentidos absolutos e seleccionados minuciosamente ao ritmo do nosso quotidiano. Em Maputo, produz-se em cima de qualquer corpo, ritmos com instrumentos do quotidiano e na acácia escutam-se segredos de quem txonado labuta. As vezes o dinheiro nao interessa a muita gente, mas sim o quotidiano de estar ocupado, de negociar o tempo, a fome, o sorriso, e observar outros humanos.
A Vida realiza-se debaixo do sol e da lua. Faz-se amor neste contagio de estar debaixo de tudo: do preço, da cebola, da laranja, do pão, do policia camarário, da esquina, da panela chinesa, da capulana tanzaniana, do sapato nigeriano, do lendo monhé, do giro moçambicano, do 4x4 desenvolvementista, da sirene governamental.
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