quarta-feira, janeiro 24, 2007

A cidade com lua nos dentes

A carlos serra, sem sociologia util


A cidade cheira a mofo. é a cidade dos outros. imaginei eu. que existe uma outra cidade, que anda na boleia da imaginacao. a cidade dos outros, aquela que na realidade cheira a mofo, é uma cidade do indico. porque tudo cheira a mofo, resolvi dar outro nome e outra cidade. porque ninguem gostaria de ir viver numa cidade imaginaria, resolvi chama-la a cidade dos outros.
na cidade dos outros, vivem outros homens, gente da capital. a capital da cidade dos outros.

Na cidade dos outros nao ha noite. Todos vivemos no dia.É dos outros porque roubaram-nos a noite. Ficamos sem estrelas, sem lua e o escuro. Porque quem tira tudo da alguma coisa. Deram-nos o lixo. E eu fiquei triste. Chamei-a cidade dos outros. Como podem roubar uma lua por um entulho de lixo? Quantas estrelas tem o valor de latas de coca cola na rua. Quantas? Apartir de hoje a cidade é deles. Roubaram-nos lua, as estrelas, o escuro. Entao que fiquem com ela. Sem o escuro.

O escuro. No chamanculo o escuro é magico. Era. Aprendemos a amar o escuro. Melhor, a amar no escuro. Fazer TPC na luz da lua. Como era bom ver os zincos com buracos. Amar a lua aos buracos. Dormir com um tecto de buracos de lua. Assim amei o escuro. Tropecar na cegueira da vida. Era assim. No chamanculo.

Lembras te. Do mutumbela. No escuro. Com a lua a fazer gogo. E nos com as vizinhas da brincadeira inventavamos o ngungu. E agora que roubaram-nos a lua? Onde esta a magia de esconder-se, de perseguir a Rosa sem ser ngungulado, onde esta a magia? De correr e tropecar com o lixo e nao com a boca da rosita?

A boca da rosita.era outra coisa. No escuro. Nao tinha muitos dentes. Mas tinha o feitico do escuro. Para que ter dentes se a lua era nossa magia? A boca da rosita. Era minha almofada da noite. Rosita.

Rosita. Era escura. Escura como a noite. Por isso amei-a de noite. Para mim era gemea da noite. As duas andavam sempre juntas. abraçadas. Magra como os caminhos que corriamos, leve como como os zincos que roçavamos. As vezes tinha medo, de a confundir com a noite. Mas eram gemeas, podia beijar as duas.

As vezes ngungulava com as duas. Mas agora com tanto lixo e sem lua onde ngungular? Nao ha noite. Ja nao dormimos. Nao ha noite. Nao ha sonhos. O dia nao quer noite. So quer lixo. Ja nao é a minha cidade. É a cidade dos outros. Quem pode viver sem o escuro, sem lua, sem sonhos. Sem escuro como posso ngungular com a rosita? Entao que fiquem eles com a cidade deles.

A cidade deles. É feita de lixo. Ninguem dorme. A lua é fome, as estrelas sao malaria, o escuro é colera. É a cidade deles.

A cidade deles. Nasci la, cresci la.e vou viver la. No escuro. Mas era o escuro da vida. Do amor sem dentes. Agora a cidade é deles.sem escuro. Hoje quero um apagao. Para inventar a minha cidade.com a lua nos dentes.




 

3 comentários:

Egidio Vaz disse...

Já cheguei, apesar de tarde.Já ca estou também,...
NO TEU CHAPA.

chapa100 disse...

obrigado mano. lembra que ha lugares para todos. as vezes ele nao pega, precisa-se tchovar.

Su. disse...

:) olha, q dizer-te, gostei do teu texto, gostei sim! Boa!

lá vamos nós, tchovando...

fica bem!