Os dealers da adrenalina
Talvez devia ser o título do próximo texto, com uma produção clandestina, num teatro amador. Sim afinal, tudo faz-se às escondidas, principalmente quando se trata de abordar alguns tabus. Mas os dealers da adrenalina não querem falar do tabu, não precisam porque isso exige um esforço intelectual que muitos dealers não tem.
Na infância falávamos de fofoqueiros, afinal a mercadoria era a língua e o olho de tudo ver e falar. Uma espécie de câmara mutante, num mundo onde tudo permuta entre prazeres de uma boa conversa e uma vontade para excitar o outro. O ouvido do homem era fraco, não a carne, o corpo no seu todo. A orelha e o lábio, eram companheiros da rua, de ver e ouvir num aparato de segredos. Mas será que era o aparato em si, ou a palavra é que nunca suportou uma prisão?
Mas o tempo encarregou-se de tudo. O homem já não é a prisão da palavra. E a palavra já não brinca às escondidas, não há mais escuro no corpo para esconder o verbo. Onde a língua e o olho dormitavam no escuro, nasceu outra mercadoria: a emoção. Hoje não temos mais fofoqueiros para entreter a palavra, mas dealers cujo trabalho é produzir adrenalina em massa. Um fordismo que as vezes transcende a mecânica do corpo e da razao.
Não serão o dzukuta e o pandza, os dealers da adrenalina? Talvez. E os forwardores do video do ziqo? Os agitadores da mao invisivel? Os que querem o povo no poder? Os que vivem do combate a pobreza absoluta? Não serão tambem os bloguistas dealers da adrenalina? Talvez.
Talvez devia ser o título do próximo texto, com uma produção clandestina, num teatro amador. Sim afinal, tudo faz-se às escondidas, principalmente quando se trata de abordar alguns tabus. Mas os dealers da adrenalina não querem falar do tabu, não precisam porque isso exige um esforço intelectual que muitos dealers não tem.
Na infância falávamos de fofoqueiros, afinal a mercadoria era a língua e o olho de tudo ver e falar. Uma espécie de câmara mutante, num mundo onde tudo permuta entre prazeres de uma boa conversa e uma vontade para excitar o outro. O ouvido do homem era fraco, não a carne, o corpo no seu todo. A orelha e o lábio, eram companheiros da rua, de ver e ouvir num aparato de segredos. Mas será que era o aparato em si, ou a palavra é que nunca suportou uma prisão?
Mas o tempo encarregou-se de tudo. O homem já não é a prisão da palavra. E a palavra já não brinca às escondidas, não há mais escuro no corpo para esconder o verbo. Onde a língua e o olho dormitavam no escuro, nasceu outra mercadoria: a emoção. Hoje não temos mais fofoqueiros para entreter a palavra, mas dealers cujo trabalho é produzir adrenalina em massa. Um fordismo que as vezes transcende a mecânica do corpo e da razao.
Não serão o dzukuta e o pandza, os dealers da adrenalina? Talvez. E os forwardores do video do ziqo? Os agitadores da mao invisivel? Os que querem o povo no poder? Os que vivem do combate a pobreza absoluta? Não serão tambem os bloguistas dealers da adrenalina? Talvez.
3 comentários:
gosto desta expressao, jorge. parabéns! nos anos oitenta, a forma cada vez irreal como se analisava a literatura em certos sectores "pós-modernos" levou alguns a considerarem o sofrimento de personagens mais real do que de pessoas de carne e osso. mas se calhar nao há como escapar disso. o mundo está, no fundo, nas nossas palavras.
"Deal emotions", há-de ser a intenção primária ou um "side effect" de uma outra intenção seja ela consciente ou não?
Os dzukuta e o pandza por exemplo, não andarão atrás de qualquer outra coisa, e nesse andar atrás nos deixam como nos deixam? Não sei...mas me parece pouco... "deal emotions" pelo simples prazer de "deal emotions"
P.s: Preferi emotions que adrenalina
caro elisio, as palavras sao o universo, o ungulani na literatura mocambicana tem uma forte narrativa sobre o sofrimento ou a vivencia das personagens.
caro nelson, deal emotions, gostei. em psicologia nao existe prazeres simples, a socializacao categoriza os prazeres, deu a vivencia simbolica que foi muito apreciada na lingua. sim falas bem de um side-effect, o freud foi muito importante em escrever isso.
mas no fim de tudo estamos no talvez.
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