sexta-feira, fevereiro 22, 2008

The social fabric e uma andorinha 1



Durante muito tempo coleccionei uma data de coisas semi-úteis na minha vida de emigrante. Apesar de nunca considerar-me um emigrante, porque ser estrangeiro faz parte da vida. Emigrar nao doí, faz da nossa vida um pequeno filme de incomensurável respeito. Quando rebusco a infância, existem lugares e pessoas que auto-ficcionam, uma moldura de coisas passadas. A beleza esta ai, no pequeno mundo de memórias, que no fim do dia, enamora-se no mundo que emigra constantemente em nós.

Mas será que isso basta? Pormenor importante esse de reconhecer os limites do que consideramos excelente. Redondamente podemos dizer que somos homens de um pais redondo, porque como emigrantes giramos ao ritmo de uma bola, impressionados pela larga presença de terra, prazer, lugares, e uma atracão por cultivar coisas praticáveis e ou apenas que fascinam. E será que isso basta?

Não sei onde buscar palavras de sol e chuva. Sim afinal, tudo que no sol brilha na chuva molha. Não é um verso, mas um pequeno pormenor de um emigrante. O sol não é sinónimo de calor, mas de uma energia feminina, representa o que é colorido, pseudo-seduzido, e simbolicamente sensual e ingénuo. Como emigrante tenho esse direito, de feminizar a vida.
A chuva, surge como a nossa primeira conversa com o mundo. Chove como ideias de um pensamento discreto. Uma chuva liricamente livre, assim posso caracterizar essa vontade de sair molhado. Quando todos correm a procura de abrigo, o emigrante deixa-se pingar, molhar sua ténue vontade de ser sempre o menos significativo, para os que da chuva abrigam-se.

E as pequenas coisas úteis de um emigrante surgem como vocábulos de uma língua que menos amamos. Aprende-se a amar aos bocados, mil coisas de uma vez só, porque o prazer e o instinto aprumam-se. Como um telescópio que procura e perscruta um cometa desarmado, substancialmente livre de um universo de segredo humano e outro divino. Então ser estrangeiro é isso, nunca um emigrante, porque o mundo é redondo. A terra emigra, nós ficamos em sentido como guardiões de um universo poético, mal amado, mas resistente numa memória de criança que auto-ficciona-se, como um adulto prenhe de saudades.

Mas será que isso basta?

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