terça-feira, janeiro 30, 2007

palhota e um coracao urbano





Existe

                    uma terra

maligna      mulher      pessoa

feminina



de barriga

grande

uma terra

gravida       sexualizada

com preguica           de rapaz



existe

muita terra

de muitas  ventres       palavras

sem vozes            sem lingua



existe

uma terra

de contenente        de paises

sem gente



Existe

uma terra

com seios     caidos      excitados

gostosos


   
uma terra      de apetite

de fome

de cores

uma terra          de homens.



 

a tonalidade da vida - chicuembos

a paulina chiziane e almeida culo,
09.07.03,

16:49



Se eu tivesse que escrever a uma mulher, para dize-la que o meu amor por ela vive. O que escreveria? que pudesse descrever com palavras a dimensao do sentimento. O que? Escreveria sobre a cor do meu coracao, seria um pre-texto do que vive e cria alquimia no coracao de um mufana. Mas do que vale a cor sem o brilho, a tonalidade da vida? E quantas cores podem pintar um coracao? Eu queria ter um coracao azul, da cor de mar, do ceu. Um coracao profundo, navegavel, intenso como a vida marinha, sonhador como buzios. E tu que marinho serias? Um peixe ou uma alga? Eu queria que tu fosses o sal, se nao o sonho que acompanha os buzios. A minha dor compara-se ao mar sem sal, o ceu sem estrelas, ou estrelas sem sonho – porque o sonho comanda a vida. Outra pedra filosofal? de um homem.



Nao sou um mar qualquer. Sou um mar que te conhece. Navegavel por ti. Um mar de todos os mares, um mar de uma mulher so. Um mares...



17:40


 

segunda-feira, janeiro 29, 2007

a fala do lixo no mocambiqueonline.

manos

juro palavra "d'honra" que esta gente nem esta ai meu irmao. nem com o dinheiro dos terrenos do triunfo, nao conseguiram plantar acacias, os terrenos ja acabaram agora precisa-se buscar solucoes para alimentar muita gente e sistema que nao funciona.

nao se domina um gato agarrando a cauda, mas sim pela cabeca e cortando unhas.

acredito em solucoes locais e sustentaveis, sao discutiveis. porque conheco-as, foram minha realidade e sao ainda hoje uma coisa inovadora.

anos oitenta e noventa, vi muita gente no suburbio de tchova xita duma recolhendo garrafas, objectos de vidro, pedacos de madeira,papel, lixo socialmente reciclavel, que depois vendia-se a outros revendedores que depois revendiam a vidreira, a laurentina, implama, construtoras, carpentarias, e outros recicladores e aproveitadores do "lixo". esses homens de tchova xita duma, sabiam bem separar o reciclavel, "deitar fora" no lugar proprio o nao reciclavel, aproveitar o socialmente aproveitavel. e conheco mocambicanos que ficaram "empresarios" do lixo na altura e acabaram comprando bancas no xipamanine e reconstruir ali no suburbio as suas casas. ali na avenida do zixaxa, perto ca casa fabiao e anuaril, havia ali uma casa de um mocambicano de origem indiana que reconstruiu a sua madeirazinco e educou seus filhos, a sua famila teve uma barbearia com investimento do "lixo".e muitos outros tchovas que apartir de xipamanine, bazuca, espada, vulcano, "invadiam" os bairros de maputo procurando "lixo". eu conheci-os porque matabichavam com as minhas chamussas e matoritori. esta experiencia, num pais onde nao e problema ter um "tchova", ter uma mao de obra aos milhoes, gente que conhece o suburbio, gente que sabe penetrar nos caminhos sinuosos e intransitaveis por meios circulantes "normais" do nosso municipio, gente que organizado em cooperativas, com um pequeno curso de como tratar o lixo, com uma "pequena engenharia" no tchova, que nos mesmos produzimos com nossa tecnologia made in mocambique, para poder criar diferentes compartimentos para separar e transportar o lixo, juro que isso funciona. o municipio podia fixar um contracto de pagamento, o criterio podia ser por zona (para evitar lutas e aproveitores do "deixa destruir" e podia se usar o criterio de zonas aplicado a chapas100's), pelo volume, pelo tipo de lixo, criterios minimos higiene, etc. e para a outra fase que e de incineracao, de transporte e deposito na lixeira, de reciclagem, podiam entrar os mais especializados, tambem ai nao vejo problema que nao exista pequenos empresarios "mukheristas" nossos que nao gostariam de fazer um negocio legal do lixo (bastava tambem ajuda-los aumentando o know-how deles no transporte, uso e tratamento do lixo). e no bairro manos todos nos sabemos que quanto o matine diz " ma dalicenca, ma contentor haleno" toda gente sabe que matine vem recolher livro, empresario do tchova, fazendo a mola dele e limpando a cidade.

outra experiencia temos de uma empresa ( acho que fapacar), nao me lembro do nome, mas andava la para zonas do bairro vinte e cinco de junho ou coisas do benfica, fez uma campanha para os maputenses reciclarem o papel, nas esquinas de maputo havia um contentor, ate "mendigos" estavam envolvidos, papel no chao valia "mola" , a cidade andou limpa. a empresa nao sei onde anda, ninguem olhou nestas iniciativas locais. atraves da sua experienca de recolha e reciclagem do papel podia expandir a sua area para outro "lixo reciclavel". e papel reciclado e economico e sustentavel: temos graficas, escolas que nem tem cartolina e papel caqui para escrever e desenhar, os nossos "artistas" da escola de artes visuas e nucleo de arte para suas esculturas e etc. (basta pedir ao fiel dos santos para juntar a malta dele para uma demonstracao de como se reciclam os jornais para a arte, ou os jovens emprendedores da mozarte para demonstrarem como se aproveita papel para decoracao, agendas, candeiros, etc)

hoje pagamos taxas de lixo, pagamos consultorias, hoje vao entrar ate empresas portuguesas para fazer aquilo que o "tchova" faz barato e nao faz bem porque ninguem lhe quer ensinar.

nao e verdade o que alguns aqui no forum dizem, que e coisas de mocambicanos fazer lixeira e sujeira em tudo, no bairro as pessoas enterram o lixo ou fazem fogo. nos mocambicanos nao gostamos de lixo, so que ninguem com autoridade e inteligencia quer olhar para estas coisas. precisamos de ambintalistas,arquitectos, engenheiros civis, economistas, engenheiros de saneamento, urbanistas, especialistas de saude publica? sim e muito, mas se nao pensamos localmente e contando com as nossas proprias tecnologias, vamos ser um pais de ignorantes que exportamos madeira porque pensamos com falsidade da ganancia que o nossa escola nao precisa de bancos, o hospital nao precisa de camas, que a nossa casa so se constroi com cimento de investidores estrangeiros, que para por uma torneira de agua no suburbio precisamos de construtores e engenheiros chineses, e mais outras "engenharias do inteligente" que so envergonham.

para mim acho que nao custa tentar. vai falhar? pode ate falhar, mas falhamos orgulhosamento mocambicanos. nisso ate deus desculpa.

outro amigo vai dizer que hoje precisamos de estar "globalizados tecnologicamente" ou precisamos de solucoes com dimensao de maputo e "especialidades" importadas, nao estou contra essa ideia, ate pode ajudar.o problema da globalizacao esta nesta maneira globalizante de deixarmos os outros "gananciosos" imporem as nossas necessidades e que so sao satisfeitas com solucoes vindas deles. Fazem nos ter fome para darem-nos de comer e controlar nossas mentes, fazem-nos pensar que eles sabem melhor que nos, do que precisamos, atrofiam a nossa mente e olhar, acreditamos mais neles do que na nossa capacidade de solucionar sem eles, fazem-nos ter medo de pensar segundo o nosso umbigo. porque para eles a nossa barriga e de vidro.

entao manos, o municpio tem que explicar bem "essa cena" de aumentar taxas e explicar segundo a necessidade do nosso umbigo. por favor senhores vereadores.


la famba bicha

jorgematine

 

domingo, janeiro 28, 2007

Haja chateacao e ponto final

Uma chateacao. Porque durante 5 anos nao tive a necessidade de trabalhar em lingua portuguesa, fiquei ultrapassado e arranhado. E porque o velho ditado nao falha, melhor dominar a lingua que compra pao, o checo tomou conta. Veio o trabalho ucraniano e polaco. Outra vez estava eu empurrado para uma realidade de uma outra lingua. O portugues? So no noticiario. Veio o trabalho ruandes e costa-marfines. Outra corrida para o frances. A lingua atrapalha-se. Hoje sou um destruto-poliglota, nada fala, nada escreve. Pior, compras software e uma quantidade de instrumentos informaticos para facilitar o uso da lingua e ficas mais ultrapassado: o teclado corre e escreve o que lhe vai na cabeca, sem comando teu. pisas a tecla b: bon soir, bom, browser, bomboni, bourat, bozi, esta la o software falando non-sense.
Uma chateacao. Sonhas em ronga. Pensas em portugues, escreves em frances, apresentas em ingles e explicas em checo. Estas tramado. Nao ha mente que aguente. Sera que vale a pena dominar a lingua que te da pao e nao a lingua que faz amor? O problema nao e arranhar o portugues, mas sim arranhar a identidade e o nome das coisas. Haja chateacao e ponto final.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

pivo.rum.zensky.nic.nepises.

Cena I



O tempo. Hoje faz frio. Uma bengala atirada no meio da Estrada. Imagino que representa uma morte. Um velho atropelado. Uma morte corrida. Sem adeus. Faz frio.

Um vento ameno. Rua silenciosa. Um cao que ladra. E uma bengala. De Madeira. De pau preto. Assim comeca um dia de fevereiro, quando todas as manhas tenho que percorrer as ruas de Ostrava. Sou o prisioneiro da pressa, do carro electrico, que nunca atrasa. Aqui atrasam os homens e nao o relogio. A nossa paciencia esta como uma ventrina que vai pelos electricos e a raiva de que perdemos a corrida, o relogio da electricidade.

A bengala. Nao se move. É de madeira. velha. Pau preto. De homem branco. Imagino.Toda gente corre e a bengala fica. Na morte de quem a deixou. Aqui os homens nao gostam da vida de outros. Sao civilizados. Dizem. Porque saber da vida dos outros se temos a televisao do big brother. Murmuram. E os meus ombros desesperados caiem. Desfarcados na bengála de pau preto.

- Tens horas

Pergunta a senhora.

- Hum

(Respiro. O vento passa. A saia espreita. Tem pernas.Tem rugas. Esta cansada).

- Nao sei. Deve ser um quarto para as oito.

( Sou miope. o pulso para o peito. Um gesto mecanico, o osso da mao estica, um estalo, doi)

- Este velho deve ter morrido?

( Murmurio. A voz é tremula.) Caramba do frio.

A senhora olha. O silencio cruza com o carro que passa. Assim ficamos. Com o silencio. mais uma vez o vento levanta a saia.

- Morreu?

( Olha para o ceu. Fungando) As nuvens sao sempre as mesmas . Vao sempre para o norte. Nao ha mar.( nao ha maresia) Nao ha andorinhas para anunciar a chuva. O ceu é sempre cinzento. o azul so existe nos olhos da senhora.

- A bengala esta viva.

As maos vao para o bolso. As chaves beliscam. O tempo passa com a cumplicidade das nuvens que vao para norte. ( a senhora olha, procura a bengala, arranja a saia. É transparente. Posso ver a perna gorda. O joelho cansado. Deve doer tratar uma perna assim. Deve ser uma perna de muita viagem. Tem rugas profundas, parecem escritas a lapis, interminaveis entre o joelho e a anca)

- Se andam a procura dele nao deve ter morrido.

Olha-me, busca cumplicidade. A saia irrita a mao que segura. Contorna o vento. Finjo que acompanho as nuvens. ( a bengala deve ser de um conhecido). A cumplicidade da morte tem dessas coisas. Queria ser o vento que levanta a saia (Penso).

- Mas ele nao pode andar sem bengala. Nao chega a lado nenhum.

Murmurio. O vento sopra, assobia baixinho. O electrico pára. Falta um gesto para abrir-se a porta. ( como posso abandonar a bengala?).



Cena II



O ceu esta cinzento. Chove de quando em vez, quando a vez chega ate chove demais. Mas essa vez foi so uma vez. E tivemos cheias, todo o pais parecia uma praia sem ondas, muita agua, nao salgada. Tambem dessa vez a chuva trouxe luto. Para tudo. Os passaros estavam de preto.

Hoje o ceu esta mais perto do tecto. Pela primeira vez o ceu tem limite.



- Mas ele parece saudavel.

( Resolveu beliscar-me. Tem unhas pintadas. Um pouco afiadas. Vermelhas)

- Pode andar?

( tossir um pouco para domesticar a dor. Beliscou-me. Mulher ousada)

- Eles andam toda a cidade.

Como pode ela estar tao certa. ( a idade tem certezas. Tem cinquenta anos. Entre a blusa e os seios esta a idade. A idade do mamilo. Esta fresco. Uma pera. Parece. Um pera grande.Doce. Branca.Uma pera dentro de uma blusa)

- A bengala é velha. De pau preto. Morreu sem levar a bengala

Olhou-me. Irritada levou a mao ao peito. Apalpou as mamas. Olhou-me.( podia ver que uma mulher irrita-se com a morte. Uma morte com mulher nao combina)

- Porque queres falar da bengala?

Ameacou-me. Recuei. Sempre gostei de sapatos leves. Amarelos. A cor sempre conta nesta coisa de andar pela rua. Nao faz sentido ter sapatos pretos. Numa cidade cinzenta.

- Acho que nao queria morrer sem bengala

( Pensei rapido) Uma morte tem que ter acompanhantes. Uma supersticao. Um segredo para coisas da morte. Morrer é uma corrida. É preciso levar um presente na morte.Ajuda na corrida. ( arranja a saia. A mao desliza. A ruga separa o baton. Os seios continuam trepados)

- O senhor nao vai apanhar o electrico?

(Perguntou). O electrico continua parado. Esperando o relogio. A hora vale pelos seus segundos. Pelo ponteiro que visualiza o painel do condutor electrico. ( ela desvia o olhar. Parece pensativa. Adulta por uns momentos). A bolsa escorrega. Tropeca na anca. (rapido a mao segura).

- vou apanhar a bengala.

A saia. Uma estore. (penso). O frio assobia, estica a pele.



III



In amor de zinco ( texto que nega terminar, os bares de ostrava nao deixaram) , de jorgematine

quarta-feira, janeiro 24, 2007

A cidade com lua nos dentes

A carlos serra, sem sociologia util


A cidade cheira a mofo. é a cidade dos outros. imaginei eu. que existe uma outra cidade, que anda na boleia da imaginacao. a cidade dos outros, aquela que na realidade cheira a mofo, é uma cidade do indico. porque tudo cheira a mofo, resolvi dar outro nome e outra cidade. porque ninguem gostaria de ir viver numa cidade imaginaria, resolvi chama-la a cidade dos outros.
na cidade dos outros, vivem outros homens, gente da capital. a capital da cidade dos outros.

Na cidade dos outros nao ha noite. Todos vivemos no dia.É dos outros porque roubaram-nos a noite. Ficamos sem estrelas, sem lua e o escuro. Porque quem tira tudo da alguma coisa. Deram-nos o lixo. E eu fiquei triste. Chamei-a cidade dos outros. Como podem roubar uma lua por um entulho de lixo? Quantas estrelas tem o valor de latas de coca cola na rua. Quantas? Apartir de hoje a cidade é deles. Roubaram-nos lua, as estrelas, o escuro. Entao que fiquem com ela. Sem o escuro.

O escuro. No chamanculo o escuro é magico. Era. Aprendemos a amar o escuro. Melhor, a amar no escuro. Fazer TPC na luz da lua. Como era bom ver os zincos com buracos. Amar a lua aos buracos. Dormir com um tecto de buracos de lua. Assim amei o escuro. Tropecar na cegueira da vida. Era assim. No chamanculo.

Lembras te. Do mutumbela. No escuro. Com a lua a fazer gogo. E nos com as vizinhas da brincadeira inventavamos o ngungu. E agora que roubaram-nos a lua? Onde esta a magia de esconder-se, de perseguir a Rosa sem ser ngungulado, onde esta a magia? De correr e tropecar com o lixo e nao com a boca da rosita?

A boca da rosita.era outra coisa. No escuro. Nao tinha muitos dentes. Mas tinha o feitico do escuro. Para que ter dentes se a lua era nossa magia? A boca da rosita. Era minha almofada da noite. Rosita.

Rosita. Era escura. Escura como a noite. Por isso amei-a de noite. Para mim era gemea da noite. As duas andavam sempre juntas. abraçadas. Magra como os caminhos que corriamos, leve como como os zincos que roçavamos. As vezes tinha medo, de a confundir com a noite. Mas eram gemeas, podia beijar as duas.

As vezes ngungulava com as duas. Mas agora com tanto lixo e sem lua onde ngungular? Nao ha noite. Ja nao dormimos. Nao ha noite. Nao ha sonhos. O dia nao quer noite. So quer lixo. Ja nao é a minha cidade. É a cidade dos outros. Quem pode viver sem o escuro, sem lua, sem sonhos. Sem escuro como posso ngungular com a rosita? Entao que fiquem eles com a cidade deles.

A cidade deles. É feita de lixo. Ninguem dorme. A lua é fome, as estrelas sao malaria, o escuro é colera. É a cidade deles.

A cidade deles. Nasci la, cresci la.e vou viver la. No escuro. Mas era o escuro da vida. Do amor sem dentes. Agora a cidade é deles.sem escuro. Hoje quero um apagao. Para inventar a minha cidade.com a lua nos dentes.




 

terça-feira, janeiro 23, 2007

txonaddos e chamboaqueados no jazz da vida II

ao Rufus kapadech

estao a casar, porque a mania da vida prende, o vicio dos naturais e mortais. afinal o dumba nengue esta no fajardo? enganam-se, o lar tem isso. um dumba nengue na mania de familia, legalizar o trade, como dizia a zaida: toma-que-dou, wena pa hip na hop da vida. agora tem que ter sorte, casamento vive se de gorjetas, uma delas chama-se sorte, outra amor, outra amigos, outra filhos, outra cultura, outra money, uma xidjumba de sorte...musiica...agora precisa-se de capulana para amarrar a xidjumba...

quando se malandra um coracao II

...se fuma mano bebe agua...para nadar e nao voar com "pauladas"...Existem numeros, intrigante...numeros do dolar, do metical novo e velho, numero de casa, de telefone. de matricula MLV-01-00...tambem ja estou a ficar paulado...melhor e trabalhar e pagar impostos...eu queria numa machamba amar uma mulher, capina-la, rega-la, aduba-la...fazer da noite a nossa colheita... a vida seria so cebola e cebolinha...estou paulado... la famba bicha

nachingweya I I I- para uma sociologia de pobreza

ao escritor pedro muiambo

...acordei pensando numa grávida...uma sexta-feira podia ser o dia das grávidas...da bebida sem espuma, sem copo...eu gosto das grávidas grandes, aquela grávida de 12 meses, quente, ciumenta...aquela grávida redonda como a Lua, maluca como as putas noites de Maputo...mas seria uma grávida igual as outras, as vezes, podia amar um filho...mas agora sei que não seria uma grávida qualquer como a espuma que bebemos, seria uma grávida de muitas barrigas, meu ventre seria cada barriga destas mulheres de Maputo, para sentir, acaricia-las o umbigo de todos os dias, fazer destas mulheres redondas e meigas, barrigudas e preguiçosas... seriam mulheres feias e princesas pela grávida que amam...então nachingweya hoje quero ser uma grávida...onde cada barraca seria meu aborto e cada sexo meu parto...imaginas a barriga que seria minha nesta noite? todas sextas-feiras tenho sonhos esquisitos...faltam-me pretas para beija-las o umbigo, engravida-las as escondidas, de preferência na chapa de zinco, no murro que desaba e fazer outro africaninho na sombra da acacia, como fazem as barrigas de Maputo...e esta hein? Melhor voltar para cama...

calcuta - homenagem ao utero

as mulheres mano...uma jamaica deixa um utero maluco...nao engravida e nem deixa engravidar...one love marley...prisons for girls...por isso gosto de ama-las as escondidas, no ngungu da vida, beija-las devagar como quem rouba a alma dela...yuska...esse utero que me persegue...mamilo que me inquieta...one love e o utero foge...jah guide

nachingweya I I - para uma sociologia de pobreza

ao menino afonso


herdeiro da vida malandra. a unica coisa que vou herdar sao mulalas e buracos da rua estacio dias...e algumas surumas e balas deixadas pela colombia que nos persegue ate ao suburbio...babalaze de hienas como dizia craveirinha...porque nao gosto de homens sem palavra: como ficou a tua contribuicao para chapa100?...ficou no dumba nengue da vida? vamos trabalhar malandro...nunca te disseram que as mulheres de chamanculo ja nao querem homens que nao tem curso de mukherista?..

nachingweya I - para uma sociologia de pobreza

comer...come, come, come mas come e nao mais come, come porque a fome inveja, a barriga incha, rebenta de ar e nao de comida...come para ter ar e com ar voar, como os baloes de aniversario...asas da fome...come porque a fome tem futuro e a barriga namora so o presente, o prato cheio...come porque morres da barriga como a faca que te corta o bolo...come para amar com kilos, beijar com grandeza...come porque um abraco precisa de forca...come porque a palhota ergue-se com amor mas protege-se com barriga...come come e comemos todos...porque a tua barriga esta alugada... come...afinal de contas nao tens na barriga o lombrigas?...come porque nao estas sozinho...come

xitala mate

...numa chapada, o corpo dorme. a noite ressona, o coracao emigra e a vida esta para um barco. balanca, embala, e no mar que nao dorme a ilha sempre foi assim: o corpo, a chapada e a foto para constelar a memoria de quem nao dorme. e quantas rositas devem ter nascido? numa arvore da imaginacao, do sono de quem na foto so pinta cheias e...

quandro se malandra um coracao

para yuska http://www.fotolog.com/yuska

roubei teu sorriso, esta guardado num embrulho de seda...roubei porque sorriso nao tinha preco...estava aos montinhos, a cebola e o tomate tambem...o preco emigrou com a lagrima...deixaram o sal tambem aos montinhos sem preco...roubei o sorriso, assim como se rouba uma joia cara, embrulhar e depois fugir e fugir sempre...