segunda-feira, março 10, 2008

la famba bicha 28 - o crime I

Escrevi aqui o ano passado sobre o que pensava sobre a situação do crime em Moçambique principalmente no grande Maputo. O pensamento na altura, estava mais virado para a responsabilidade política do ministério de tutela em relação a politicas, estratégias, projectos e planos para conter a onda de criminalidade que dava a impressão de ter aumentado numa proporção assustadora. Continuo pensando que faltam ainda respostas políticas, programáticas visíveis para poder avaliar o esforço dos quadros superiores em estudar e prevenir o crime.

Estudar a natureza e as manifestações do crime não é tarefa fácil, existe ciência para isso. A ciência que estuda o crime não visa produzir respostas para purificar ou proteger por completo a sociedade de delinquentes. Mas neste post não pretendo falar da ciência do crime, não tenho competência para isso apesar de na unidade onde trabalho termos uma unidade de pesquisa aplicada, onde varias vezes colaboramos com varias instituições ligadas ao estudo crime e delinquência juvenil.

Li no jornal notícia que a polícia destacou uma unidade composta por elementos vindos de varias unidades ou instituições do ministério do interior, para estudar os linchamentos, na região centro do pais. De forma geral podíamos dizer que estamos perante um indicador que mostra a preocupação política e institucional para com este tipo de crime. Será que isso basta? Qual seria a magica formula para perceber quando é que este ministério esta preocupado e quando é que esta se esforçando?

Quando o crime atinge os níveis insustentáveis e intoleráveis em termos de níveis de aceitação e negociação da percepção de estar seguro e protegido na sociedade, a diferença entre o esforço e a preocupação trás pouco ou nada de novo, pelo menos numa sociedade onde o impacto económico e social do pequeno crime tem efeito contaminador nas relações de poder e reprodução social. Estamos numa situação em que o criminoso não tem rosto, é tão anónimo como quem tem o mandato e o dever de o combater.

O professor carlos serra já publicou bastante e não o suficiente sobre os linchamentos. E muitos outros estudiosos e curiosos, incluindo as vitimas do crime. Aqui não podem acusar as forcas vivas da sociedade de estarem de braços cruzados, alguns de forma apressada e outros com uma atitude mais cuidadosa vão mostrando que podem contribuir para uma maior visibilidade do crime e dos seus contornos sociais.

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