segunda-feira, outubro 09, 2006

No mukhero da vida, Maputo

No mukhero da vida, Maputo

Como sempre apareces no fim para justificar. Uma coisa romântica da tua parte. Humus. Nestas coisas de caçar mulheres casadas tem destas coisas, vives sempre na expectativa de um olhar distraído para ama-la de novo, roubar um pouco da anca dela, assim como se rouba o ponteiro do relógio. Mas betinha sabe fugir destas coisas, uma arte.

a minha vida. Esta para um pescador sem barco. Estou na margem, lanço a rede de longe, a rede não chega a Maputo. Mas tento. Vivo de saudades. Aqui tem umas brancas que tentam me consolar. Sabes que os seios de uma mulher são sempre quentes e amigas para consolar. E durmo nesse consolo. Bêbado da minha própria saudade.
Passo a vida voando, numa Europa pequena. Finjo que sou internacional. Coisas de um passaporte que sempre precisa de visa para tudo que é Europa. Adoro Londres, sinto-me em casa, tantos negros, tantos indianos, paquistaneses, chineses. Londres é a maior lixeira humana do mundo. Cheira bem, o entulho tem vida, a vida tem beleza porque pode se reciclar. Mas gosto dos parques que são do tamanho do meu chamanculo, dos bazares de rua, do cari indiano, do peixe libanês, da mandioca ghaniana. Assim vivo em Londres. Onde tudo custa muito dinheiro. Todos fingimos que vivemos bem, mas passamos noites a contar trocos e a comer pão com manteiga. A dor de ser internacional.
Praga, tem magia, tenho lá alunos e minha ilha de conhecimento. As mulheres são lindas, parecem lulas da quirimba, são tudo, como uma macua que nunca tive. Porque vive-se barato, posso ser boémio, escrever, jazz ar pelas ruas. A experiencia de dar aulas no pais que não e teu, dói, a língua que maltrata, a cor da pele que te sufoca porque todos não entendem que sou um preto muito grande, muito pais, muito de fome, de guerra civil, de muita luta. Então ensino, e gosto muito, talvez seria essa minha vida para Maputo no futuro.
Futuro. Sempre gostei de ver os outros jogarem berlindes. Ver rolar para um buraco. Fingir que se tem pontaria. Afinar o olho. Fazer batota. Assim parece o futuro na minha terra. Todos fingimos que temos pontaria, mas esperamos que nosso adversário se distraia, para empurrarmos com as mãos, uma batota de crianças, dói mas sempre perdoamos, porque somos crianças. Mas nestes dias dói muito, porque sou adulto. batota-se a vida em Maputo, afina-se o olho e roubam-te a vida, o país. Pena que não há dumba-nengues para sonhos. Porque queria ser mukherista do sonho. Seria fantástico, em vez de vender um vinho vida, venderia um cartão de 5 litros de sonho. Uma banca cheia de sonho.

Mukheros da vida. São os meninos de Maputo. Dizem que são da rua. Porque rua é singular, ruas é plural. Então são das ruas os meninos. Os molwenes como chamaram ZITA. Como ontem estão lá, na rua de Maputo. Limpando um motor Dubai, japan, south africa, and so on. Não jogam berlindes. Jogam a vida. Eram crianças da rua, depois meninos de rua, agora adultos da rua. Conheço-os , Minha gangue. Porque a rua foi a nossa escola, aprendemos que existem muitos papas e mamas. Mas somos filhos de papa e mama incógnitos. Algumas vezes chamam a gangue, para dizer que somos filhos de Moçambique.

Filhos de Moçambique. Eu sou

in vilanculos e lulas

como estas...o papel ou o mamilo? a vontade ou a mentira que consome a mente e desfruta a rua, a acacia que mingua, o beijo que enruga...entao o beijo e as maos devem ter emigrado...para xai xai? e o xi xi? sangrenta a mordomia da mente, da poesia descoberta, nua e sem ancas...sexo malandro? talvez mano.