Nos últimos dias tenho dedicado o meu tempo para entender algumas coisas. Uma destas coisas que com muito custo, tento perceber é a nossa cultura política. Um conceito difícil, este de cultura política, porque dele aprendemos que existe um espaço onde as nossas ações são moldadas por um conjunto de formulas e contextos.
Mas o que faz a nossa cultura política neste lugar de onde escrevo? Não sei. Porque este lugar não existe na verdade, é um lugar de uma inverdade mal gerida. Torta, por exemplo. Mas importa aqui dizer que escrevo de um lugar que pode na minha imaginação assumir a particularidade de um “lugarelho”, às vezes de uma capital com elevada importância que quando adicionada a ingredientes de uma cultura política pode transformar nossas vidas. Os ingredientes podiam ser o voto, a eleição, a responsabilidade, a governabilidade, a ciência, etc.
Isto vem a propósito do nosso ministério de coordenação e ação social, primeiro foram os mendigos, idosos de Maputo em particular, que promoveram pronunciamentos de alguns dirigentes deste ministério (com o rombo no INSS, ai esta um caso interessante sobre os contornos da proteção social). Depois veio o famoso caso do camião interceptado com as “flores que nunca murcham” que se juntou a telenovela Diana, que como costume atingiu o seu auge com aprovações, na formula 4x4, de uma lei de proteção de menores na assembléia da republica. Finalmente, porque somos um pais de fraca auto-estima, vieram os turcos com as nossas crianças com suspeita de pedofilia e rapto de menores.
Um pais pobre não se pode dar o luxo de ter ministérios que funcionam desta maneira, senão estamos mal. Um ministério com representação distrital e provincial não se pode dar ao luxo de pronunciar-se e agir desta maneira, afinal onde esta a responsabilidade política para com a gestão de um pais e na proteção dos mais vulneráveis contra a ação de outrem? Senão vejamos, a accao social e proteção social respondem a um principio de precariedade e de risco que pode afectar a qualquer um, independemente do endereço físico (por exemplo, o caso das crianças vitima dos turcos). A pergunta seria o que o estado faz para lidar com a precariedade e o risco que as nossas crianças correm num contexto como o nosso.
Pronunciar que tudo isto resulta da pobreza é um atentado a razão.