sera que no manifesto eleitoral deste ano vamos ter/ver algo sobre a reducao dos impostos de quem produz? alargar a base tributaria nao deve ser a tarefa numero 1 de quem pretende governar, mas incentivar quem paga promovendo transparencia e contencao de gastos na despesa publicas.
terça-feira, setembro 01, 2009
quarta-feira, março 11, 2009
ares romanescos I
1- Outubro pode ser o mês de ausências. A palavra quotidiana ausentou-se, em férias prolongadas como o país que esquece suas fronteiras. A fronteira devia ser o fim das coisas que nosfazem Moçambicanos. Escutei isso de um amigo. Estávamos todos entretidos no cansaço, na longa distancia que separa a vida rural da vida urbana. O vulcano era o começo de tudo e a paragem do sonho. Entre a voz que grita por novos passageiros e o silencio da bacia cheia de bolinhos, existe uma odisséia que se avizinha. As viagens nunca deviam ser assim. Murmura quem sempre viajou no sonho de um lugar por chegar. Porque a vida de muitos no vulcano desmama-se na ansiedade de um minibus que nunca enche, como o balão que sopramos no limiar de um ataque de asma: engrandece os olhos e enfraquece o corpo.
2 - e Março, delega-se uma vontade de refazer um personagem. Varias ousadias foram testadas. A mais interessante seria de um artista inseguro que se transforma numa estrela. E porque o enredo não foge a descrença do mundo, morre linchado num bairro da capital. Dura 34 segundos para um actor se tornar um objecto de estudo social, morre o corpo, mas ressuscita a gênese de um estilo: o assunto. O governo pega para fazer um seminário nacional, o cientista despega para fazer não apenas uma, mas duas biografias sobre ele. A ideia de estado reinventa-se na descrença das gentes que acreditam que o mundo mudou. Mas o suspense esta no partido que reclama novo nascimento, o linchamento reencarna um país decadente, gordo e apaixonado, mas com aparência de doente. A decisão de matar esta logo no início da e(hi)stória.
3 - Por alguns segundos pensei na Beira. afinal para onde sopra o vento?. ja filmaram os outros: o "vento sopra de norte". sera?
3 - Por alguns segundos pensei na Beira. afinal para onde sopra o vento?. ja filmaram os outros: o "vento sopra de norte". sera?
quinta-feira, outubro 30, 2008
(des)mamar um pais II
Diz-se que a sorte foge. Tem pernas mais compridas que a vida de muita gente. Será possível? Alguns homens dizem que sim. Um paradoxo ate mesmo para quem do azar esquiva-se.
Nunca perguntei sobre o pêndulo que segura a sorte, o tempo para esse questionamento sempre dependeu do lugar que empresto as perguntas do quotidiano. Manuel, nome de um moçambicano qualquer, porque nunca contou na sorte. Tem pernas mais curtas, um bebé com tamanho de adulto. Afinal a sorte mede-se pelos saltos exagerados de quem acredita conhecer o progresso.
Para Manuel a sorte diz tudo, comanda ate coisas inexplicáveis. Tem olhos que trazem o futuro para bem mais perto do lugar mais perfeito do quintal: o cajueiro que sem sorte já não faz sombra.
Antigamente era a castanha que crescia por fora do fruto, hoje é o Manuel que faz a sua vida fora do seu quintal. Nas tardes o Manuel senta-se à beira da estrada, empoeirado – em parte porque a sorte nestes dias só faz chover poeira. Manuel diz que a terra deixou de ressuscitar, toda a sorte que a terra coleccionou durante anos foi sobreviver para outro mundo. Evaporou-se.
O Manuel aprendeu no secretismo dos dias passados a beira da estrada a fala dos estranhos. Eu sou esse estranho da sorte. Cheguei aqui para perseguir a sorte que não se encontra no progresso de uma cidade.
Nunca perguntei sobre o pêndulo que segura a sorte, o tempo para esse questionamento sempre dependeu do lugar que empresto as perguntas do quotidiano. Manuel, nome de um moçambicano qualquer, porque nunca contou na sorte. Tem pernas mais curtas, um bebé com tamanho de adulto. Afinal a sorte mede-se pelos saltos exagerados de quem acredita conhecer o progresso.
Para Manuel a sorte diz tudo, comanda ate coisas inexplicáveis. Tem olhos que trazem o futuro para bem mais perto do lugar mais perfeito do quintal: o cajueiro que sem sorte já não faz sombra.
Antigamente era a castanha que crescia por fora do fruto, hoje é o Manuel que faz a sua vida fora do seu quintal. Nas tardes o Manuel senta-se à beira da estrada, empoeirado – em parte porque a sorte nestes dias só faz chover poeira. Manuel diz que a terra deixou de ressuscitar, toda a sorte que a terra coleccionou durante anos foi sobreviver para outro mundo. Evaporou-se.
O Manuel aprendeu no secretismo dos dias passados a beira da estrada a fala dos estranhos. Eu sou esse estranho da sorte. Cheguei aqui para perseguir a sorte que não se encontra no progresso de uma cidade.
Manuel não entende essa sorte que leva-nos para lugares despidos de sorte. Nos jovens temos uma bússola desparafusada, alertou-me noutro dia.
Expliquei ao Manuel de que sou um fruto suspenso debaixo de um ramo seco: Filho do vento. O vento é a minha bússola, quebrado o ramo, o meu destino depende da forca do vento. Posso cair em quintais de outra sorte. Riu-se.
Expliquei ao Manuel de que sou um fruto suspenso debaixo de um ramo seco: Filho do vento. O vento é a minha bússola, quebrado o ramo, o meu destino depende da forca do vento. Posso cair em quintais de outra sorte. Riu-se.
segunda-feira, agosto 11, 2008
A pegada de uma simpatica ideia II
Aprendemos que falar do meio rural deve ser na dimensão de um lugar longínquo. Neste momento sou um jovem rural, não nasci nestes campos verdes ou nesta pastagem de vacas, mas fui empurrado pelo cruzamento de coisas complexas, somos muitos nesta condição. O rural para nós (filhos da madeira zinco), é esse lugar ausente de uma cidade, onde a vaca e o verde têm uma relação perversa com o homem. Durante os efêmeros anos da adolescência cresci embalado no mito de que onde há vacas e arvores de fruta não há lugar para uma relação obsessiva com a fome ou uma privação emocional. Os campos verdes representavam uma superação de ícones do necessitado cidadão urbano, a necessidade de estar saciado e protegido contra flutuações do metical. A camponesa era em si um símbolo de abundancia, o seu pe descalço, com a enxada carregada no ombro representava aquilo que numa cidade não encontrávamos: a elegância de uma aturada tarefa de arrumador de terra. Pergunto-me às vezes o que terá levado uma geração de filhos de camponeses trocarem uma vaca leiteira no campo por uma red Bull num supermercado? De trocarem a vida de arrumador de terra em Manjacaze para arrumador de carros na baixa da cidade?.
Parece que o cerne de tudo passou a ser para muitos a defesa de um bloco ou de uma viga, ignorando a estaca, que em outras palavras seria comparar o agora com a fase anterior da nossa condição de fazedores de historia. Para isso basta ignorar o mundo rural que alimenta milhões de braços. Os africanos têm uma historia perversa com o seu passado, o futuro chegou com a nossa descoberta dizem os europeus e não temos a mesma coragem para dizer que o futuro já tinha chegado faz séculos “apartir” do momento onde assumimos a nossa condição de seres sociais e produtivos. E nesta condição de falta de coragem perguntamos o que terá desaparecido na elegância de um pe descalço? A narrativa e o humor que caracterizam as estórias contadas à volta da fogueira podem ser substituídos na sua maioria pela telenovela?
Alguns mais esclarecidos dirão que estamos perante o fenômeno da globalização, ignorando que a globalização produz-se no processo de negação de fenômenos de identidade perversa. Porque ai residem às relações do social. A uniformização de relações econômicas e sociais não resulta de forma extrema de um fenômeno a que chamamos globalização, existe um lugar mais exigente dentro da nossa condição humana que forçosamente obriga-nos a codificar nossas relações sociais e econômicas de uma forma critica por forma a garantir a nossa própria existência. O rural representa isso, esse lugar onde de uma forma critica conseguiu resistir a esta uniformização de relações sociais e econômicas de algumas pessoas.
Alguns mais esclarecidos dirão que estamos perante o fenômeno da globalização, ignorando que a globalização produz-se no processo de negação de fenômenos de identidade perversa. Porque ai residem às relações do social. A uniformização de relações econômicas e sociais não resulta de forma extrema de um fenômeno a que chamamos globalização, existe um lugar mais exigente dentro da nossa condição humana que forçosamente obriga-nos a codificar nossas relações sociais e econômicas de uma forma critica por forma a garantir a nossa própria existência. O rural representa isso, esse lugar onde de uma forma critica conseguiu resistir a esta uniformização de relações sociais e econômicas de algumas pessoas.
O campo muda em paralelo com a cidade, por isso o discurso da globalização revela-se contraproducente quando queremos discutir o desenvolvimento rural, porque partimos de um principio de que o campo esta atrasado, o rural só existe porque o desenvolvimento deve chegar La, ignorando o lugar critico que o campo poder ter para compreender os fenômenos de uma identidade perversa. Quando escutamos a narrativa dos que do campo vivem, a colheita pode marcar o inicio de um novo ciclo de vida que para muitos não reflecte nada porque ignora o click no "Save as". A nossa revolução verde é isso. Amar o campo pela esperteza de um bom amante urbano onde importa a troca de um mito por uma sonda de sentidos apurados: a troca do mito do sumo de “Canhu” para aumentar a virilidade por uma red Bull.
terça-feira, julho 15, 2008
A pegada de uma simpatica ideia I
A idéia de que existimos dentro de uma verdade sobre a nossa origem empurra-nos para muitas perguntas. A maneira como somos tratados pelos Sul-Africanos nos últimos meses cai bem nesta idéia sobre a nossa origem. A palavra xenofobia conseguiu aglutinar toda esta discussão sobre a origem, não da xenofobia em si como um conceito, mas a origem do nosso ontem. Se ontem éramos bantus, súbdito de uma historia unificadora, hoje quem somos? Porque o ontem conta, muitos estão indignados com a atitude dos Sul- africanos, admira-nos a ousadia de um povo de ontem que vive o hoje sem remorsos. Isso mexe connosco.
Mas porque é que nos moçambicanos pensamos que o ontem devia ser como hoje nas nossas relações de vizinhança? Também não sei. Os sul africanos devem ter descoberto uma outra verdade, da sua reconciliação com o mundo que nunca saiu deles. O mundo deles foi uma fronteira de racismo e opressão, assim como foi o mundo dos Zimbabweanos e Moçambicanos. Então onde esta a diferença? Também não sei. Para dar sofrimento a outrem precisa-se aprender a acostumar o sofrimento, para oferecer a morte a alguém precisa-se saber que da morte não mais voltaras. Não é uma profecia, os homens aprenderam isso, não pelo instinto, mas pela aprendizagem de que a vida é uma coisa efêmera para ser medida. Por isso mal-dizemos que a vida tem dois pesos e duas medidas.
O sul africano descobriu isso, de que não há problema nenhum em pensar no sofrimento ou na morte. Foi assim para este povo durante décadas. A disposição da “revolta” esta La presente, a historia pode ser contada meio sem graça, mas não deixa de ser parte de uma vivencia. O que esta acontecendo na áfrica do sul é uma armadilha para os moçambicanos, isto é, não há futuro se o ontem não foi salvo.
Mas porque é que nos moçambicanos pensamos que o ontem devia ser como hoje nas nossas relações de vizinhança? Também não sei. Os sul africanos devem ter descoberto uma outra verdade, da sua reconciliação com o mundo que nunca saiu deles. O mundo deles foi uma fronteira de racismo e opressão, assim como foi o mundo dos Zimbabweanos e Moçambicanos. Então onde esta a diferença? Também não sei. Para dar sofrimento a outrem precisa-se aprender a acostumar o sofrimento, para oferecer a morte a alguém precisa-se saber que da morte não mais voltaras. Não é uma profecia, os homens aprenderam isso, não pelo instinto, mas pela aprendizagem de que a vida é uma coisa efêmera para ser medida. Por isso mal-dizemos que a vida tem dois pesos e duas medidas.
O sul africano descobriu isso, de que não há problema nenhum em pensar no sofrimento ou na morte. Foi assim para este povo durante décadas. A disposição da “revolta” esta La presente, a historia pode ser contada meio sem graça, mas não deixa de ser parte de uma vivencia. O que esta acontecendo na áfrica do sul é uma armadilha para os moçambicanos, isto é, não há futuro se o ontem não foi salvo.
domingo, junho 29, 2008
os habitantes da cidade 8
Nos últimos dias tenho dedicado o meu tempo para entender algumas coisas. Uma destas coisas que com muito custo, tento perceber é a nossa cultura política. Um conceito difícil, este de cultura política, porque dele aprendemos que existe um espaço onde as nossas ações são moldadas por um conjunto de formulas e contextos.
Mas o que faz a nossa cultura política neste lugar de onde escrevo? Não sei. Porque este lugar não existe na verdade, é um lugar de uma inverdade mal gerida. Torta, por exemplo. Mas importa aqui dizer que escrevo de um lugar que pode na minha imaginação assumir a particularidade de um “lugarelho”, às vezes de uma capital com elevada importância que quando adicionada a ingredientes de uma cultura política pode transformar nossas vidas. Os ingredientes podiam ser o voto, a eleição, a responsabilidade, a governabilidade, a ciência, etc.
Isto vem a propósito do nosso ministério de coordenação e ação social, primeiro foram os mendigos, idosos de Maputo em particular, que promoveram pronunciamentos de alguns dirigentes deste ministério (com o rombo no INSS, ai esta um caso interessante sobre os contornos da proteção social). Depois veio o famoso caso do camião interceptado com as “flores que nunca murcham” que se juntou a telenovela Diana, que como costume atingiu o seu auge com aprovações, na formula 4x4, de uma lei de proteção de menores na assembléia da republica. Finalmente, porque somos um pais de fraca auto-estima, vieram os turcos com as nossas crianças com suspeita de pedofilia e rapto de menores.
Um pais pobre não se pode dar o luxo de ter ministérios que funcionam desta maneira, senão estamos mal. Um ministério com representação distrital e provincial não se pode dar ao luxo de pronunciar-se e agir desta maneira, afinal onde esta a responsabilidade política para com a gestão de um pais e na proteção dos mais vulneráveis contra a ação de outrem? Senão vejamos, a accao social e proteção social respondem a um principio de precariedade e de risco que pode afectar a qualquer um, independemente do endereço físico (por exemplo, o caso das crianças vitima dos turcos). A pergunta seria o que o estado faz para lidar com a precariedade e o risco que as nossas crianças correm num contexto como o nosso.
Pronunciar que tudo isto resulta da pobreza é um atentado a razão.
quinta-feira, junho 05, 2008
Manos o chapa100 anda silencioso mas nao esta ausente. Depois de 6 anos vivendo na terra dos outros resolvi regressar a terra do indico. Encontro-me neste momento na provincia de Gaza, de onde o chapa100 instalou-se, para a satisfacao do bloguista Mutisse. Entao estou a viver o regresso e as perguntas que acompanham a profissao na area de saude.
so no fim da proxima semana poderei postar porque esta fase de re-socializacao tem suas nuances, onde as perguntas e a observacao sao a nossa arma para compreender o mundo. As rotas do chapa100, nos proximos anos, passam a espelhar a vida de Gaza, principalmente de Chibuto, Chokwe e Manjacaze.
so no fim da proxima semana poderei postar porque esta fase de re-socializacao tem suas nuances, onde as perguntas e a observacao sao a nossa arma para compreender o mundo. As rotas do chapa100, nos proximos anos, passam a espelhar a vida de Gaza, principalmente de Chibuto, Chokwe e Manjacaze.
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